segunda-feira, 6 de outubro de 2008

"A melhor companhia deste mundo..."



Definitivamente, ó leitor, vejo esvair-se a minha intenção de postar semanalmente. Estou aprontando um texto, isso garanto-lhe, mas está me exigindo umas leituras e ainda tomará um tempo para estar pronto. Por ora, vou-lhe propiciar mais um dos tantos ditados que há exaltando as maravilhas físicas e metafísicas do fumo. Este o encontrei no nosso queridíssmo Machado de Assis, mestre de todo luso-parlante neste século e nos que hão de vir. Já na quinta cena do primeiro ato da peça "As forcas caudinas", o leitor há de encontrar-se com estas verdadeiras palavras; verdadeiras, digníssimas, sublimes! atrevo-me a dizer. Pode ser que a histeria anti-tabagista atual possa obscurecer a compreensão de alguém que vier a passar os olhos sobre tais palavras. Mas para quem sabe e desfruta da densidade morna e etérea que um bom fumo verte sobre o paladar, elas soarão como aquela idéia sempre sabida mas nunca expressada. O tipo de idéia que temos e só os poetas são capazes de no-las lembrar. Fique, pois, leitor, com as palavras em louvor do fumo pintadas por Machado de assis como fala do personagem Tito. Au revoir!

"Depois da invenção do fumo não há solidão possível. É a melhor companhia deste mundo. Demais, o charuto é um verdadeiro Memento homo: reduzindo-se pouco a pouco em cinzas, vai lembrando ao homem o fim real e infalível de todas as coisas: é o aviso filosófico, é a sentença fúnebre que nos acompanha em toda a parte."

(
Texto fonte: http://www.literaturabrasileira.ufsc.br/arquivos/texto/0006-01512.html )

ps: Curioso! Machado publicou o mesmo enredo desta peça como conto, intitulado "Linha reta e Linha curva".

Um comentário:

Unknown disse...

parabéns pelo texto..muito bom